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REPRODUÇÃO DE BICUDOS
Sex 6 Dez - 23:05
REPRODUÇÃO DE BICUDOS
Aloísio Pacini Tostes - Ribeirão Preto-SP
Toda a sociedade deve proteger o meio ambiente. Este é um compromisso para
com o futuro.
Ou praticamos isso ou inviabilizaremos a continuidade da vida
na terra. O setor público deve fazer a sua parte, promovendo ações contínuas que visem a preservação de tudo o que existe na natureza.
Seria ótimo que fosse sistematizada a prática do repovoamento e a demarcação
crescente de novas áreas públicas de preservação.
No que diz respeito aos pássaros canoros nativos brasileiros, em especial ao
bicudo e curió, nós, como seus admiradores, temos que protegê-los de todas
as formas e batalhar para evitar a sua extinção. Temos que lutar por isso,
porque são as duas melhores formas de garantirmos a sobrevivência das aves:
1- A conservação do estado silvestre das aves e a biodiversidade nos Parques
Nacionais e áreas ainda intocadas; 2- A criação em larga escala no ambiente
doméstico.
Está provado, de forma notória, que canários domésticos, periquitos ,australianos, calafates, manons, agapornis, loris, diamantes de gould, calopsitas e tantas outras, são aves criadas em cativeiro há anos - com formas inexistentes em estado silvestre - e que só sobrevivem, aos milhões, inclusive no Brasil, devido ao carinho e à dedicação dos passarinheiros.
Com efeito, as espécies estarão preservadas, de todas as formas, à medida que o homem se interesse por elas - como é o caso do bicudo e do curió.
Mas o maior trunfo é, sem dúvida, a seleção genética na obtenção de linhagens
de alto nível. Ela é a garantia de que não haja mais interesse por
exemplares silvestres, de muito menor qualidade no aspecto da capacidade de
repetição, da beleza física e de canto duvidoso.
As técnicas estão se aprimorando e, a partir dos anos 80, os procedimentos
científicos de manejo estão sendo repassados e dominados por grande parte
de passarinheiros. O gaiolão é o ambiente mais utilizado pelos criadores
para exercerem o processo de reprodução. É a melhor forma, porque assim se
poderá manipular as aves, controlar a temperatura, ventilação e umidade do criadouro com muito mais eficiência.
Há inúmeros modelos dessas gaiolas. A preferência deve ser dada às fabricadas totalmente com arame, pois é a mais higiênica e de mais fácil
controle de doenças. Se visitarmos os grandes criadouros de canários, o que se verá é o uso dessa forma de criadeira e eles têm mais de 180 anos de prática na criação doméstica, portanto muita experiência para recomendar a gaiola de arame puro. Quando se quiser desinfetar uma gaiola de arame puro,
basta submetê-la a um calor de 120 graus centígrados por alguns minutos ou
imergi-la em uma solução com os melhores desinfetantes.
O tamanho ideal da gaiola é: 58 cm x 28 cm x 36 cm, podendo haver variações conforme a disponibilidade de espaço; a de criação de curió pode ser ainda
menor, tipo 50 cm x 28cm x 36cm, sem problemas. É obrigatório que haja uma divisória no centro, para o caso em que se deseje isolar o casal ou os filhotes. Essa forma de separação é muito usada, também, no momento da cópula, para evitar eventuais agressões. É fundamental a utilização de uma
capa protetora que irá isolar cada gaiola de contaminação da outra, bem como acomodar melhor a fêmea pois ela não terá mais o ponto de fuga e ajudará na eliminação do estresse, criando-se um nicho para ela.
A utilização do gaiolão favorece o sistema que adota a fêmea chocando e tratando dos filhotes sozinha. Pode-se aproveitar, também, um macho para
cerca de 5 a 10 fêmeas. Ele só será colocado na hora da cópula, quando a fêmea estiver receptiva e "abaixando".
O gaiolão ideal pronto para procriar terá:
- quatro portas. Duas na parte baixa, a 10 cm de cada lateral e duas na
parte alta, a 2 cm da lateral;
- dois passadores na parte alta das testeiras laterais;
- duas aberturas para comedouros externos;
- uma banheira (retirar diariamente após o banho);
- um bebedouro de 50 ml;
- um ninho de arame, forrado com bucha vegetal;
- uma capa de pano (ou plástico) no fundo, nas laterais e no teto, e
- dois poleiros o mais distante possível um do outro, um de 5 mm.
- a fêmea não poderá encostar a cauda na grade.
O local onde se desenvolverá o ciclo reprodutivo deverá ser muito claro com
boa circulação de ar e a temperatura deverá estar permanentemente entre 25 a
33 graus centígrados e a umidade entre 50 e 60% para evitar fungos. O
segredo de tudo está aí. Deve-se ter todo o cuidado com a temperatura e
umidade. A boa produtividade está intimamente ligada a estes dois fatores.
O ambiente deve ser ventilado, porém sem correntes de ar. No caso de queda brusca na temperatura exterior, feche as janelas e procure utilizar filtro artificial para despoluir o ar do interior do criadouro. Pode-se, também, melhorar a luminosidade e a quantidade de horas úteis com lâmpadas bio-lux:registered:
que substituem a função do sol. Isso é importante porque se sabe que o aumento da claridade poderá aumentar a produtividade e está intimamente ligado à libido das matrizes. Utiliza-se muito acordar as fêmeas uma hora
mais cedo, para estimulá-las.
Os gaiolões serão dispostos em prateleiras afastadas da parede, no mínimo 20 cm, e suspensos da prateleira 10 cm. Na fase da reprodução as fêmeas, em hipótese alguma, poderão avistar-se. Os pés traseiros das gaiolas estarão dentro de uma cantoneira que servirá de trilho para travar e dar mais segurança no processo de retirada do fundo e afastamento lateral de cada
gaiola nos eventuais momentos de cópula da fêmea.
O ambiente deverá estar ainda preparado para ter:
- saída para o ar quente na parte mais alta do ambiente;
- entrada de sol da manhã;
- entrada de ar rente ao chão, permanentemente aberta;
- sistema de telhado que proteja as gaiolas da chuva;
- piso de preferência de pedra ardósia para isolar a umidade;
- mescla do telhado com telhas transparentes para aumentar a claridade;
- sistema de vitrôs ou aberturas para circulação do ar e proteção contra
entrada do vento frio;
- pode-se utilizar sistema de exaustores que aproveita a energia eólica;
- torneiras com filtros e pias próximas das gaiolas;
- medidor de umidade;
- termômetro para medição da temperatura;
- vedação para entrada de insetos e roedores;
- todo cuidado com o ataque de fungos por causa da umidade excessiva e
- sistema de escoamento de água nas eventuais lavagens do piso.
Tudo deve estar bem limpo: o ambiente, a gaiola, a comida, o ninho, os
poleiros.
Um dos cuidados primordiais é a lavagem das mãos de quem trata. Usar sempre
água e sabão sistematicamente, pois a forma mais freqüente de contaminação
se dá pelas mãos do tratador. Está provado que a grande maioria das
infecções é disseminada pelas mãos e muitos criadores ainda não se conscientizaram disso. Lavar as mãos é, portanto, uma das melhores formas de profilaxia de doenças num criadouro. Alguns já estão utilizando luvas que facilitam a lavagem mais amiúde. Rotineiramente terá que se fazer a higiene completa de todos os materiais utilizados. Não permitir, de forma alguma, a
entrada de insetos, roedores e animais de estimação (cachorros etc.) no recinto de criação, notadamente onde estão os ninhos. Isso inviabiliza totalmente os resultados. Cuidado com a possível entrada de pássaros soltos, como pardais, rolinhas etc. Freqüentemente eles portam piolhos e outros parasitas e poderão ser focos de uma infestação no criadouro.
Como já dissemos, a higiene é o segredo do sucesso na criação. Nunca descuide disso.
Seja perfeccionista nessa parte. Periodicamente, também, deve-se fazer a desinfeção de todas as instalações. Utilize os melhores
desinfetantes/fungicidas do mercado, mas troque o princípio ativo a cada dois meses, alternando entre amônia quaternária, cloro, iodo e formalina (usando sempre a proporção de 1 a 2% e muito cuidado com o cheiro forte).
Infelizmente, porém, sabemos que uma desinfeção perfeita só é conseguida com o calor de mais de 100 graus centígrados durante algum tempo, especialmente
por causa da coccidiose. Atenção, porque qualquer desinfetante ou lança chamas só funciona se removermos todas as matérias orgânicas do recinto com água e sabão.
Todo cuidado com a infestação de piolhos e ácaros e, principalmente, com os
produtos que são usados para eliminá-los, pois têm efeito mais nocivo que os
próprios microorganismos. Nunca pulverize inseticida dentro do ninho; use
somente aqueles que tenha a certeza de sua atoxidade para as aves, principalmente filhotes - os piretróides, por exemplo. Finalmente, para os médios e grandes criadores, um bom lembrete: não deixem de fazer a fumigação anual para controlar os fungos no ambiente.
A época mais apropriada para a criação, no Brasil, tem início em setembro e vai até o final de abril, sendo que o melhor período é de dezembro, janeiro
e fevereiro.
É o verão, período de muita chuva e de muita claridade. A
temperatura ambiente também é muito favorável. A grande maioria dos pássaros procria na natureza nessa fase do ano, para aproveitar todo o seu vigor e o favorecimento da natureza: mais sementes, brotos, insetos etc.
No entanto, em ambientes mais restritos e controlados, é perfeitamente possível que haja um extrapolamento, com a procriação sendo exercida o ano
todo, em especial nos grandes criadouros, onde há sempre machos e fêmeas "prontos", levando em conta a necessidade de uma boa produtividade.
Logicamente, uma fêmea só deverá criar até 4 vezes por ano, sob pena de esgotamento. Devemos ter todo o cuidado e respeitar essa limitação.
É preciso que todos os anos, de 6 em 6 meses, principalmente antes de iniciar a produção e antes da muda, que façamos uma profilaxia em nossas
aves para que possamos nos prevenir contra as principais doenças que as atacam. Poderemos, então, seguir as orientações abaixo, a saber:
- nunca introduzir aves no plantel antes da muda ou da fase de reprodução
sem a quarentena, pois são épocas de queda de resistência imunológica;
- durante a muda devemos usar complexos vitamínicos e aminoácidos
essenciais solúveis;
- durante a fase da lustração, ministrar vermífugo que deve ser repetido
sempre após 15 dias;
- prevenir a coccidiose, primeiramente detectando as aves que têm problemas
deste parasita, feito através de exames de fezes do plantel ou individuais.
- prevenir a salmonelose e outras moléstias - preferentemente após fazer o
antibiograma - com antibióticos de largo espectro, tomando-se o cuidado
com dose, toxicidade dos produtos e tempo de uso para não causar
resistência bacteriana. Os criadores que não seguem essas regras de uso de
produtos estão contribuindo para a perda do efeito dos antibióticos.
Depois da aplicação dos remédios acima, sempre que possível sob a orientação
de um ornitopatologista, ministrar um bom polivitamínico, até a entrada do
pássaro em atividade. Depois desse procedimento, deve ser oferecido esse
tipo de medicação de polivitamínico rico em vitaminas A, D, E e K em uma
semana por mês ou a cada dois dias por semana. Quando houver casos de
problemas durante a reprodução, efetuar exames específicos para detecção do
problema. Alguns medicamentos, tipo sulfa, matam filhotes e podem
esterilizar machos temporariamente, além de muitos já não terem efeito sobre
alguns agentes patogênicos. O recado final sobre tudo que foi escrito é:
"quem tem higiene rigorosa não perde filhote"
A alimentação básica do bicudo e do curió é a seguinte:
- grãos:
alpiste - 60%
painço branco - 15%
painço verde - 10%
arroz em casca - 15%
Obs.: As sementes devem ser de boa procedência, especialmente de safra
recente. Sementes, mesmo bem acondicionadas, mas se velhas, não possuem as
qualidades nutritivas e de apeticibilidade se comparadas com as sementes
novas. Pode-se acrescentar pequenas quantidades de outros grãos, como
girassol, perila, niger, aveia etc. Porque não se consegue mais evitar os
fungos que já estão em seu interior, não se deve lavar as sementes. O que se
pode fazer é limpá-las e abaná-las para retirar a excessiva poeira. Cuidado
com comida mofada, úmida ou mal armazenada; isto é uma das maiores fontes de
doenças no plantel. Por segurança adicione sempre nos grãos 2 gramas de
propionato de cálcio para 1 quilo de grãos que ficarão armazenados.
Como complemento se dará, servidos em potezinhos, para serem renovados
todos os dias:
- ração granulada;
- farinha misturada: 50% fubazão; e
50% ração de codorna (cuidado com a
umidade, adicionar proprionato de cálcio à 1,5 gr. por quilo)
- mais a seguinte mistura :
areia -
30%
cascalho - 25%
farinha de osso - 15%
farinha de ostra - 20%
sal mineral p/aves - 5%
saibro (areia) - 5%
Em fase de reprodução, deverá ser ministrada ao plantel, além da alimentação
básica, uma especial que consiste simplesmente em uma broa de milho
(farinhada caseira) obtida da seguinte receita:
- 2 copos de fubá grosso;
- 1 copo de leite;
- 1 copo de açúcar cristal;
- 2 ovos;
- 1 colher de sopa de fermento;
- 1 pitada de sal.
Obs.: a) bater bem e colocar no forno por 30 minutos;
b) tirar a casca torrada e secar ao sol, após passá-la em uma
peneira de separar arroz; e
c) conservar numa lata fechada e utilizar por 15 dias.
Uma segunda forma seria a utilização de uma farinhada conforme abaixo:
Pode-se utilizar rações pré-fabricadas que tenham um nível de proteína acima
de 20%- tomando-se todo o cuidado com o pré exame antifúngico.
Em qualquer dos casos, na hora de servir, adicionar à broa um pouquinho de
ovo cozido, no momento. Deve-se, também, adicionar grãos de alpiste,
gergelim, painço e arroz "cateto" integral, cozidos separadamente por vinte
minutos, na hora. A proporção seria a seguinte: l quilo de broa, 3 ovos, 1
copo de grãos de alpiste e painço cozidos por 20 minutos. Lembrar que esta
mistura fermenta rapidamente, então, por garantia contra os fungos que se
formam, é melhor preparar o alimento, no mínimo, três vezes ao dia na hora
de servir. Por segurança contra fungos, misturar 1 grama de "proprionato de
cálcio" ou "Mold-zap:registered:" para um quilo de qualquer alimento. Esse tipo de
alimentação deve continuar até a idade de seis meses, quando os filhotes
completam a primeira muda de penas. Em suma, faça você mesmo a farinhada ou
tome todo cuidado com todas as rações existentes no mercado; só as utilize
após exame negativo de fungos pois nem sempre elas estão isentas destes
agentes patogênicos.
Obs.: É importantíssimo que se incluam determinados produtos estimulantes
na dieta alimentar das aves em processo de reprodução para aumentar a
fertilidade. A melhor forma de administrar é adicionar na água, na broa ou
farinhada simultaneamente: Vitamina E, Selênio e Lisina que muito despertam
a libido.
Temos que cuidar muito bem da água que servimos aos pássaros. Deve ser
limpa e potável, da mesma que bebemos. Cuidado, contudo, com águas
excessivamente cloradas, pois podem causar distúrbios digestivos graves.
Todo o criador deve mandar examinar periodicamente a qualidade da água a
ser servida aos pássaros; não é um exame caro. As caixas d'água devem ser
lavadas de 6 em 6 meses. O melhor mesmo, é ministrar somente água filtrada
aos pássaros. Eles são muito sensíveis a coliformes fecais; uma pequena
quantidade é o suficiente para provocar uma epidemia de colibacilose em todo
o criadouro.
Os recipientes a serem colocados com água na gaiola devem ser dois, um
para bebedouro e outro para o banho. É obrigatória a troca diária da água,
bem como da desinfeção semanal das vasilhas com sabão e soluções
desinfetantes próprias para objetos de uso alimentar. Muitos criadores
trocam diariamente os bebedouros; um deles fica na água com o cloro
desinfetando e o outro na gaiola, no outro dia, trocar. Em dias muito frios
e úmidos não se deve colocar a banheira, principalmente para filhotes. Todo
cuidado com a umidade que a água de banho pode causar; se for o caso,
troque o papel do fundo da gaiola ou enxugue o fundo logo em seguida.
O ninho deve ser de armação de arame e revestido com bucha vegetal (Luffa
cylindrica), dessas que se usam para o banho humano. Esse material é
excelente, pois permite a passagem de ar e da umidade, não machuca os pés
dos filhotes, é lavável e se assemelha muito ao aspecto das raízes de capim
que as fêmeas usam na natureza.
O ninho terá que ser lavado e desinfetado, obrigatoriamente, a cada chocada,
se possível com calor em estufa a 100 graus centígrados. Suas dimensões são
basicamente: - bicudo: de 6,5 a 7 cm de diâmetro e de 4,5 cm de profundidade
no centro - curió: 5 a 6 cm de diâmetro e 3,5 cm de profundidade no centro.
Observe o tamanho da fêmea ; ela vai ficar muito bem acomodada se encostar
o peito na lateral e a cabeça na borda do ninho. Daí porque se poderá
variar o tamanho do ninho para adequá-lo às dimensões de cada uma.
Não esqueça de pendurar bastante raiz de capim e pedaços de fibras de
sisal (Agave sp) para estimular a fêmea.
É fundamental que se retire todo esse material após o quinto dia do choco
para não enroscar os pés e provocar a eventual quebra de ovos.
Cuidado, porque quase sempre, quando as fêmeas estão em processo de fazer
ninho, carregando raízes no bico, coincide com o momento certo para se
colocar o macho para acasalar. Não se colocando o macho na hora certa
pode-se perder a respectiva postura e ocorrerem ovos brancos.
Na relação sexual entre o casal, o macho estufa as penas, mostra-se
garbosamente, levanta as asas e canta o mais bonito que sabe. A fêmea abaixa
as asas e fecha os olhos. Em seguida ele, batendo as asas, voa acima da
fêmea e, colocando os pés nas costas dela, faz com que, durante 1 segundo,
haja o contato das cloacas. Dessa forma, o esperma penetra no organismo da
fêmea e fica retido no oviduto até fecundar os ovos.
Provavelmente é um dos itens mais complicados na criação em ambiente
doméstico, mormente de bicudos, por causa da agressividade de certas
fêmeas. Cada uma é de um jeito: umas batem no bicudo, outras são mais
mansas. É fundamental que se conheça o procedimento de cada uma no momento
da cópula. Cada macho também tem um tipo de reação e uma maneira de
acasalar. Fique muito atento, conheça o melhor possível cada um, macho e
fêmea, faça anotações. Nunca coloque machos inexperientes com fêmea
agressivas; para facilitar a cruza, às vezes funciona retirá-las do ambiente
e tentar a cópula em local afastado de sua respectiva morada.
Além de toda a dificuldade, ainda é muito comum a esterilidade momentânea ou
definitiva, principalmente nos machos. Por isso, só coloque machos para
copular quando estiverem com muita saúde e com a muda bem "seca" e as penas
da borda da cloaca (espigão) visíveis e arreadas. Caso aconteça ovos
brancos (não fertilizados) verifique a saúde dos pássaros e administre
vitamina E, selênio e Lisina. A cópula mais eficaz é a do segundo dia, à
tardinha, na antevéspera do primeiro ovo. Sempre que colocá-los juntos, na
mesma gaiola, gaiolão ou viveiro, observe constantemente o comportamento do
casal para interferir, em caso de necessidade. Outra forma boa de cruzar é
ao clarear do dia, na hora que os machos acordam; nesse momento eles
estão muito propensos a galar, porque no mato fazem isso todo dia a esta
hora. Muitos criadores deixam o passador aberto à noitinha para fechá-lo
assim que clareia o dia. Só faça isso com machos bem experientes.
Nunca deixe a fêmea "pegar" o macho e vice-versa, antes ou depois da gala.
Isto pode inviabilizar definitivamente o cruzamento que se deseja fazer e
não esqueça de anotar o nome do casal, o dia e a hora do cruzamento. O
livro de anotações deve ser constantemente utilizado. Há fêmeas que ficam
"abaixando" sem botar por vários dias; pode ser problemas com a alimentação
ou com a saúde da ave. Ocorre muito quando o procedimento se refere à
primeira postura da temporada.
Para quem usa gaiolões, o melhor é:
- usar um macho para várias fêmeas (mais ou menos 5);
- deixar o respectivo separador na posição de fechamento, se for preciso;
- colocar a gaiola do macho ao lado do gaiolão da fêmea com os respectivos
passadores abertos;
- é comum a fêmea escolher o macho pelo canto ou pelo aspecto físico. Afaste
os machos não utilizáveis na reprodução.
- antepor entre o macho e a fêmea uma divisória para que não se vejam até
o momento certo;
- certificar-se de que a fêmea está mesmo receptiva e "abaixando". No
primeiro dia, às vezes, ela ainda não aceita.
- só retirar a placa separadora quando a fêmea "abaixar", isto é, ficar na
posição de receber a cópula do macho;
- após o acasalamento, fechar imediatamente o separador do meio do gaiolão,
colocando um pássaro de cada lado, para não acontecerem desentendimentos
entre eles;
- lembrar que uma só cópula, se for no momento certo, dá para fertilizar
até três ovos e
- só colocar o macho para copular 2 vezes por dia, uma de manhã, bem
cedinho, e outra à tardinha.
Obs.: Há machos que não podem ficar perto de fêmeas que estão "pedindo
gala", ficam chocos ou passados de fêmea e aí recusam temporariamente
fazer a cobertura. Afaste-os do criadouro e traga-os somente no momento da
gala.
Depois da gala, a fêmea bota o primeiro ovo, em geral no segundo dia. O
outro ovo virá num intervalo de 24 horas. No ambiente doméstico, por causa
da alimentação privilegiada, existem fêmeas que quase sempre botam 3 ovos.
Nesta fase bebe muita água e procura alimentos ricos em cálcio; muita
atenção para esses fatos. Se a fêmea estiver com dificuldade para botar (ovo
atravessado), dê-lhe imediatamente água com açúcar. Caso haja ocorrência de
ovo mole (sem casca), ministre meia colher de café de bicarbonato de sódio
em bebedouro de 50 ml, durante 24 horas até a bota do segundo ovo.
Algumas deitam no ninho já no primeiro ovo. Retire com cuidado este ovo e
substitua-o por um indez até a postura do segundo para que os filhotes
nasçam juntos. Após isto, não deve mais ser incomodada. Se os ovos
estiverem férteis, lá pelo sétimo dia eles ficam escuros e opacos; se
estiverem transparentes após o oitavo dia é indício de que estão gorados.
Alguns criadores antigos, para ter certeza sobre a fertilidade do ovo após o
décimo dia, esquentavam água a 37 graus e colocavam para boiar; caso o
ovo se movimentasse o filhote estaria vivo. O mais correto é o uso de
ovoscópio, ou uma pequena lanterna que ajuda a perceber o embrião dentro do
ovo. Quando por algum motivo um ovo se trinque, tente tampar a fratura com
gesso; assim ele estará mais protegido contra a entrada de micróbios.
Neste período, a comida terá que ser seca para evitar mal estar e o
incômodo dos gases intestinais. Muitas fêmeas, por vários motivos, não
iniciam a incubação, especialmente as de curió e as novas de bicudo. Os
principais motivos disso são: fêmeas novas, gaiolas em locais não adequados
e devassados, espanto e susto, luz acessa durante a noite e apagada
abruptamente, ciúme do macho, piolhos no ninho e diarréia na fêmea. Passe,
então, os ovos para outra fêmea, para uma chocadeira artificial ou arranje
ama-seca, podendo ser manon (Lonchura striata, pássaro com aptidão em
chocar ovos de outros) para esta tarefa.
No décimo-segundo ou décimo-terceiro dia de incubação nascem os filhotes.
Aí começa a fase em que todo o cuidado é pouco. Não movimente outros
pássaros por perto, não chame gente estranha para ver os filhotes e tampouco
mude a rotina de procedimentos com que a fêmea está acostumada. Evite falar
com tom de voz alto perto das fêmeas com filhotes novos, mormente nos
primeiros 6 dias. Não a deixe ver, de forma alguma, outra fêmea, senão ela
mata seus próprios filhotes. No início, ela alimenta um pouquinho de cada
vez e os filhotes se desenvolvem muito. Cuidado quando a fêmea não estiver
sobre o filhote durante o dia. Nesse caso o filhote tende a esfriar, não
fará a digestão, pára de pedir comida e acabará adquirindo infecção e
morrendo em seguida. Arranje uma gaiola-enfermaria ou uma estufa com
temperatura controlada a 33 graus Celsius, coloque-o ali e a cada uma hora
leve-o para respectiva gaiola para ser tratado pela mãe. Vá repetindo o
procedimento até superar o problema até o décimo dia. Observe, também, se a
mãe deita sobre os filhotes à tardinha; caso contrário, recolha-os a um
lugar aquecido, preferencialmente à gaiola-enfermaria ou estufa antes
referida e só os reponha ao ninho na manhã seguinte, bem cedo.
Atenção total para a higiene e evite o contato com a umidade excessiva. É
comum o contágio dos filhotes por fungos e ácaros e bactérias. O ataque de
fungos provoca a abrição de bico, de elevada mortalidade, especialmente do
quarto ao oitavo dia de vida. O fungo provoca depressão e a coccidiose e
outras bactérias, especialmente a Escherichia coli entram matando os
filhotes que ficam com o abdômen inchado sem conseguir evacuar. Para
ajudar, desinfete o ninho a cada dois dias com sulfato de cobre, e, se
possível, utilize também calor a 100 graus Celsius. Não se deve esquecer de
manter todo o controle possível sobre os fungos, nas sementes, na farinhada
e no ambiente
Observe, por períodos muito curtos, o desenvolvimento dos filhotes,
notadamente das fêmeas noviças no mister. Troque os filhotes de mãe, se
necessário. É preciso que sejam observados pelo menos 4 vezes ao dia, e em
qualquer sinal de alteração, atue imediatamente. Se a mãe estiver com as
penas molhadas em volta do pescoço, é sinal que os filhotes estão num
processo de diarréia; procure saber o que é, principalmente quanto à
fermentação do alimento servido, interfira imediatamente. Ë muito comum,
também, que de uma hora para outra venham a entrar em situação de
emergência e de risco de vida; mormente do terceiro ao oitavo dia de vida,
o intestino paralisa, o pescoço se afina e o bichinho falece rapidamente.
Isso pode acontecer por falta de calor da mãe ou fome, como também porque
estão infectados ou doentes, quase sempre por fungos. É muito comum a fêmea
arrancar canhões de penas dos filhotes; para tentar resolver esse problema,
cubra o ninho com um círculo de tela de forma que ela não consiga atingir o
corpo do ninhego, ou transfira para uma ama-seca imediatamente, ministre
comida rica e minerais para ela.
Muitos criadores estão adotando, com excelentes resultados, o procedimento
de ajudar na alimentação, diretamente no bico dos filhotes, com o uso de uma
seringa graduada, ou de um palito, desde o primeiro dia de vida. Utilizam a
farinhada tipo Energette:registered: ou Babyzoo:registered: ou mesmo alpiste batido no
liqüidificador até virar pó com farinhada também moída. Administre pequenas
doses dessa mistura assegurando-se de que ela esteja em estado pastoso, não
muito mole; todo cuidado com a contaminação e fermentação. No caso de alguma
infecção, muito bom também é um pouquinho de antibiótico na água de beber da
mãe, depois de fazer o antibiograma das fezes ou de materiais do
criadouro, sempre que possível com a orientação de ornitopatologista.
Na oportunidade, oferecer a farinhada umedecida em pequenas quantidades às
7, 10, 14 e 16 horas. Toda a vez prepare-a na hora.
Lavras de tenébrio (Tenebrio molitor) poderão ser adicionadas à alimentação
na razão de 5 unidades pela manhã e pela tarde; não dê mais do que isso,
porque pode matar os filhotes por causa da difícil digestão. Pode ser
utilizada a "praga da granja" que é menor e muito mais digestível para os
filhotes, notadamente para curió; neste caso pode-se aumentar o número de
larvas, até 20 de cada vez. Importante lembrar que produto que contenha os
aminoácidos essenciais solúveis, colocado na água de beber, poderá diminuir
a administração de insetos vivos. Se não fosse proibido no Brasil, outro
alimento muito salutar aos filhotes nos primeiros dias de vida seria a
administração da semente de cânhamo porque ela é muito rica em gordura e
proteínas. Ótimo, também, servir angu feito com um pouquinho de sal, em
potezinho separado, à disposição das fêmeas, assim poder-se-á adicionar ali
um pouco de vitaminas e cálcio.
A fêmea precisa - para evitar a diarréia - muito alimentar os filhotes com
grãos, principalmente o alpiste de muito boa qualidade. Caso ela não aceite
bem a broa, salpique-a dentro do ninho, em cima dos filhotes, bem como no
meio do comedouro de sementes; a tendência é ela começar a aceitar esse
tratamento. Os filhotes devem sempre estar com o papo cheio, principalmente
na hora de dormir. Procure saber por quê o problema está acontecendo; não
espere nada. Veja se a mãe está aceitando bem a alimentação administrada. A
verdade e o segredo de tudo é: o filhote não pode passar fome ou frio; se
isto estiver acontecendo, auxilie a fêmea imediatamente, não espere nem um
pouco. Aja o mais rápido possível.
Muitos filhotes, quando saem do ninho, não abrem o bico para a fêmea
tratar; nesse caso, trate-o diretamente com ajuda de seringa ou palito
até que ele passe a ingerir a comida recebida de sua mãe. Muita gente que
cria em viveiros retira a fêmea com os filhotes um dia antes de eles
saírem do ninho e os coloca nas gaiolas porque é muito mais seguro o
tratamento no ambiente mais restrito. A mãe voltará para o viveiro assim que
for separada deles.
Em geral, quando os filhotes completam 10/15 dias, as fêmeas entram em
processo de preparação para nova nidificação; por isso todo o cuidado para
não perder a cópula daquelas que estão separadas do macho. Observe a
exigência da perfeita condição de higiene do novo ninho.
No décimo-terceiro dia eles deixam o ninho, ocasião em que a fêmea poderá já
estar no processo de nova postura. Não há nenhum problema nisso; a mãe choca
e trata dos filhotes com proficiência e bons resultados. Outras
recomendações:
- Com cuidado, sem nenhum problema, pode-se manusear os ovos e os filhotes
e até trocá-los de ninhos e de mãe.
- Obrigatoriamente, faça periodicamente exames nos materiais de seu
criadouro, tipo antibiograma e negativo de fungos e ácaros.
- As anilhas de 2,3 mm (curió) e 3,2 mm (bicudo) de diâmetro, serão
colocadas no décimo dia de vida; este é o melhor momento. Aconselha-se que
as anilhas sejam personalizadas porque é a marca de cada criador e ajuda
muito na divulgação da respectiva criação. Não os anilhe no dia que estão
para abandonar o ninho para não provocar a saída do filhote antes do momento
certo. Isso pode provocar um estresse irreversível na ave e torná-la
assustada e problemática para o resto da vida. Outro cuidado é ter as mãos
limpas, como já foi ressaltado, e as próprias unhas aparadas para realizar o
anilhamento e não contaminar os filhotes com vírus ou bactérias. Não é
necessário nenhum tipo de óleo para ajudar na operação.
- É preciso que se isolem os filhotes mais velhos do contato com o ninho,
através da divisória central da gaiola ou, no caso de viveiro, colocando-os
em uma gaiola menor, de maneira que os pais possam tratá-los pela grade.
Isso porque costumam incomodar muito a mãe, tirando-a do ninho, quebrando os
ovos ou matando os irmãos mais novos com profundas bicadas.
- Todo o ciclo explicado até agora pode se repetir por 4 e 5 vezes, no
máximo. Assim, uma fêmea poderá produzir, se bem tratada, até 12 filhotes
por temporada, sem nenhum prejuízo à sua saúde.
- O filhote será separado dos pais por volta dos 40/45 dias, idade em que já
pode comer sozinho, embora se precise tomar cuidado especial com a sua
saúde e alimentação. Para evitar o estresse, não deve ser separado de seu
irmão de ninho. Isso pode ajudar positivamente no amansamento, na formação
de sua personalidade, porque seu mano é uma companhia, um amigo e será bom
para a qualidade das crias. Ótimo também que se ajude nos três primeiros
dias do desmame, administrando soro hidratante na água de beber. Se ele
ficar "chorando" insistentemente, pegue-o na mão e alimente-o direto no bico
com ajuda da seringa graduada ou volte-o para a mãe mais alguns dias. É
necessário que se continue ministrando aminoácidos essenciais solúveis
diariamente e polivitamínico 3 vezes por semana até que termine a muda de
ninho, aos seis meses de idade. Nesse período recomenda-se, também, que o
filhote fique resguardado e mantido em locais onde não haja umidade,
corrente de ar e ambientes infectados; todo cuidado com fungos.
- Quanto à sexagem é muito difícil nos filhotes de 2 a 3 meses; a única
maneira segura seria através do DNA; já há tecnologia para se fazer este
tipo de sexagem. Outro método que está sendo desenvolvido é a observação que
se pode fazer traçando uma linha reta passando por baixo do bico de cima em
direção dos olhos, no macho ela passará por baixo do olho e na fêmea irá de
encontro com o centro da cavidade ocular. Dizem, também, que o pássaro
macho, ainda no ninho, tem a largura das costas mais estreita do que da
fêmea. - Após a muda de seis meses, pode-se começar outra fase de manuseio
dos filhotes, separando-os um em cada gaiola. Inicia-se, então, o treinamento para acostumá-los com capa, passeio a brejos, volta de carro e
tentativas de acasalamento. Tudo isso com muito cuidado para não ir além dos
limites, causando transtornos psíquicos irreversíveis. Temos sempre que
lembrar da condição de jovens, que ainda estão entrando na adolescência.
- O bicudo vive mais, por isso demora mais para aprontar. Assim, só está
plenamente desenvolvido aos 6 anos, e o curió já aos 4 anos. Isso porque,
até essas idades, para participarem de torneios, terão muito mais chances de
se tornarem verdadeiros campeões.
- Outro item importante é descobrir bem cedo, pelas evidências
apresentadas, qual é a aptidão de cada um. Se tem fibra, se tem um bom
canto e se é repetidor. - É fundamental que se respeitem as características
de cada pássaro para se conseguir um pretenso campeão do tipo especial que
se pretende produzir.
- Sabe-se, entretanto, que a maioria dos filhotes não dará satisfação plena
as expectativas do criador, daí a grande importância da aplicação
sistemática da seleção genética até com a utilização de consangüíneos.
- Para criar filhotes existem muitas e muitas variáveis que somente a
experiência, ao longo de muitos anos, poderá chegar a cada criador; só
então serão relacionadas e seguidas as próprias e mais convenientes rotinas
para o sucesso da cri
- João PereiraPasarinheiro Expert
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Re: REPRODUÇÃO DE BICUDOS
Sáb 7 Dez - 17:15
artigo muito bom
vai ajudar muitas pessoas em nosso forum
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Re: REPRODUÇÃO DE BICUDOS
Sex 21 Ago - 10:05
Como reproduzir Bicudos ?
Veja artigo , sucesso amigos Criadores !!! Vamos que vamos !!!
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