Segue ai um artigo muito bom sobre a formação de canto
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Seg 8 Ago - 8:28
Cantos, freqüências e aprendizado de dialetos específicos.
- Cantos
Cada ave possui um dialeto específico de canto formado naturalmente de acordo com o habitat que se encontra, que define um sistema bioacústico totalmente particular por estar intimamente ligado à fauna existente no local, tipo de vegetação, topografia da região e famílias de aves da mesma espécie prioritariamente e até de outra espécie que já habitam o local, cuja genética está adaptada para emitir o canto típico das aves locais.
Por várias vezes conversando com passaricultores, ouvimos relatos a respeito de aves que desde filhotes escutam o disco e possuem um canto totalmente diferente do tocado.
Por que isto acontece?
Existem vários motivos os quais tentaremos explicar a seguir, porém o principal é que o aprendizado normalmente ocorre por cantar em "dueto" (um canta e outro responde), e do sistema bioacústico natural, o qual inexiste em cativeiro, propiciando grandes distorções no aspecto canto.Outro motivo, também de vital importância, é à distância bioacústica existente entre o pássaro a ser ensinado do pássaro professor, seja ele mestre ao vivo ou mestre "disco", mais acentuado no segundo caso. Para melhor entendimento vamos exemplificar-se: levarmos na região da baixada santista dois coleirinhas, um com canto "tui-tui" e outro com canto típico da região, e colocarmos os dois na beira de uma mata cantando, observaremos que a maioria massacrante das aves que vierem na gaiola defender seu território virão na do de canto típico da região, isto se dá, pois os cantos estão tão afastados geograficamente, que se diferenciam tanto, tornando-se quase que desconhecidos pela espécie local, que por muitas vezes, seja tomado até como canto de outra ave (salvo pela chamada).Caso façamos o mesmo teste com gravador ou similar, e eliminemos a chamada do canto, veremos que o resultado gera diferenças ainda mais gritantes. Obtém-se os mesmos resultados com curiós nesta mesma região, os Ana Dias quase não são reconhecidos pelo outros que são da mesma espécie.
Imaginem que até nós humanos por vezes também nos enganamos, e somos racionais, para exemplificar vou citar um fato que certa vez me aconteceu. Estava pescando com meu filho na região de Itanhaém, onde ainda existem muitos curiós em liberdade, de repente ouvi um curió regional cantar e falei para meu filho que prestasse atenção. Quando a ave cantou novamente ele disse que eu estava louco e que aquilo que havia cantado não podia ser um curió de maneira alguma, só se convencendo do fato quando viu a ave, cujo canto era por demais distante do gravado em CD e hoje cantado pela maioria das aves em cativeiro. Anexando estas experiências as nossas diversas tentativas para ensinarmos dialetos específicos aos curiós e bicudos, podemos concluir com muita segurança que;
- Os curiós que ouvimos criados em cativeiro cantam Ana Dias quase em sua totalidade, não estamos aqui nos referindo a qualidade, que por muitas vezes não é boa segundo nossos padrões pré-estipulados, porém o dialeto com certeza é o do Ana Dias, isto é devido ao fato da criação de aves com este dialeto ter sido muito intensificada acabando por serem criadas verdadeiras famílias cativas com o mesmo dialeto, o que propicia um aprendizado quase que natural do mesmo. Devemos salientar ainda que além de uma simples predisposição ao aprendizado de um dialeto, se promoveu com o passar do tempo uma quase seleção genética, e talvez com certa preparação até morfológica que contribua para um aprendizado mais fácil por parte do aluno (por exemplo, formação de seringe adequada para produzir graves e agudos pertinentes ao dialeto desejado, fôlego para emitir cantos mais longos e completos, capacidade de repetir, preparação muscular peitoral, hereditariedades pertinentes, e outros).
- Nos casos dos bicudos, encontramos mais aves "compositoras", pois as famílias cativas ainda não estão formadas, de modo que o canto do disco, ainda é tão distante do canto da família do aprendiz que na maioria das vezes ele não entende o canto como sendo de um semelhante (como ocorre nas experiências acima mencionadas).Veja que isto é tão verdade que se utilizarmos como mestre o próprio pai, o aprendiz assume o canto na maioria das vezes, porém se usarmos outro bicudo como mestre, esta relação de aprendizado tende a cair vertiginosamente.
Em minha opinião devemos tentar produzir novos bicudos de canto sempre por meio de gravações e nunca com mestres, sempre em ambientes acústicos e isolados, pelos seguintes motivos;
1) O aprendiz na melhor das hipóteses atinge o mesmo nível de perfeição do mestre.
2) Desconheço bicudos em atividade que cantem exatamente o padrão desejado: - exemplos: canto com todas as notas, arremate sempre em gargalhada, que nunca cortem canto, etc...
3) Corre-se um sério risco do aprendiz influenciar negativamente no canto do mestre.
4) Se levarmos em conta a baixa probabilidade atual de se encartar canto em um filhote, e usarmos mestre, colocando-se um filhote por vez como aprendiz, demoraremos muitos anos mais na formação das ditas famílias cativas com dialeto desejado, sem a garantia de canto perfeito, ou seja, com os atuais problemas de imperfeições de canto. Caso coloquemos mais de um filhote conseguiríamos talvez atingir o objetivo com menor tempo, porém com as mesmas imperfeições e com uma grande possibilidade de estragar o canto do dito mestre.
- Freqüência de canto e timbre de voz
Observando outras aves, levando-se em conta que seu canto (das aves canoras) é seu principal meio de comunicação, e baseando-nos nas teorias de propagação dos sons, concluímos que:
- Como o som agudo se propaga mal em ambientes com vegetação densa e em locais muito acidentados, os pássaros com voz aguda normalmente andam em ambientes pouco arborizados e / ou em regiões pouco acidentadas.
- Os cantos com voz mais grave são típicos de aves que habitam matas mais densas e locais mais acidentados, também são típicos de aves rasteiras.
Levando-se em conta altura em que as aves costumeiramente andam, densidade de matas de seu habitat natural e acidentes geográficos de sua região, podemos montar um gráfico da freqüência típica do seu canto, como segue;
- Altura em que vivem - quanto mais alto cantam com freqüência de voz mais alta, quanto mais baixo, freqüência mais baixa.
- Matas de seu habitat natural-quanto menos densas cantam com freqüências de voz mais alta, quanto mais densas freqüências de voz mais baixas, ou seja; canto mais grave.
- Acidentes geográficos do terreno-quanto mais acidentado o terreno, cantam com freqüências de voz mais baixas (canto mais grave), quanto menos acidentados cantam com freqüências de voz mais altas (canto mais agudo).
Para exemplificar, basta que observemos o canto de um sanhaço que vive nos cumes das árvores, possui canto bem agudo (freqüência alta), e os sabiás, que andam pelo solo, possuem canto com voz grave (freqüência baixa).
Obs: Nunca devemos confundir freqüência (cantos graves ou agudos), com volume alto ou baixo de um canto. Um pássaro pode cantar em freqüência baixa, porém com volume alto e vice-versa.
Acidentes geográficos como cachoeiras, quedas de água ou rios, tem influência no volume em que o pássaro canta, pássaros que habitam estas regiões costumam cantar com volume mais alto, pois como se comunicam pelo canto precisam transpor em volume os sons naturais para terem certeza que seus pares o escutam, tais sons podem ser graves (de baixa freqüência) ou agudos (de alta freqüência), conforme o explicado anteriormente.
- Aprendizado de canto
Pelo exposto acima fica fácil entender que algumas aves, dependendo do seu local de origem, possuem componentes genéticos e talvez até formações biológicas que propiciem ou vetem a facilidade e a possibilidade de aprendizado deste ou daquele dialeto, o que reforça ainda mais a necessidade da formação das famílias cativas com indivíduos pré-selecionados ao passar dos anos, com aptidões ao aprendizado deste ou daquele dialeto. Isto na verdade funciona como uma evolução genética acelerada e direcionada que só pode ser realizada em cativeiro, pois tem um objetivo não natural pré-determinado que é o aprendizado de um dialeto específico no momento atual das criações de bicudos não inerentes à ave aprendiz.
O caminho então é criarmos filhotes (machos e fêmeas), seguindo as regras de aprendizado em ambientes acusticamente isolados, e selecionando ano após ano os aprendizes que assimilarem o canto objetivado, descartando todos os demais, inclusive as matrizes iniciais, e a partir daí começarmos a formar famílias cativas.Com o passar dos anos formaremos famílias de aves que cantem quase naturalmente o canto por exemplo do Fiote, o único trabalho que teremos então é fazê-los cantar com perfeição, que basicamente é o que acontece com o curió.
O canto tocado nos CDs (dos curiós) é muito próximo do de sua família de origem e já cativa, o filhote está preparado para entendê-lo e aprendê-lo, sem os deslizes cometidos por qualquer mestre cantando ao vivo, só assim consegue-se chegar a tão almejada perfeição, não dependendo das aptidões com baixíssimas probabilidades deste ou daquele filhote prodígio que seja aleatoriamente adequado a nossos intentos.
Antonio Carlos Ameruso Gomes
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Ter 9 Ago - 11:20
Heldt

Bela matéria muito boa...


Criar é uma arte e devemos fazer da melhor maneira possível 


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Ter 9 Ago - 11:42
Otima Matéria cara , vai ajudar muita gente ae


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Todo realidade começa com um sonho . Pedro Rizzo
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Ter 9 Ago - 22:17
Que bom que gostaram.......
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Dom 14 Ago - 16:29
Boa a materia Amigo informativo


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                          CRIADOR DE CANARIOS DA TERRA  
                             
                          CRIADOR DE white Rumped Shama
                                                                                                                                                                                                       
                          DONO DE CANARIOS DA TERRA

                           CARECA (USA) NUMERO 1456
                           
                             SANTINO (USA) NUMERO 2564

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